Uma das frases que serviu como divisor de águas foi uma afirmação de uma pessoa extremamente tímida, sobre uma palestra autobiográfica onde outra pessoa disse à ela: "Fake it till you make it".
No mesmo "speech" ela ensinou uma técnica tão incrível que logo adotei. Tenho repetido diariamente, como curioso em princípio, para fiel fervoroso até os dias atuais.
Nosso organismo é acionado através de gestos, que liberam substâncias e ativam glândulas que engatilham uma série de sinapses que regulam, ou não, o tão precioso bem estar. O movimento de vitória mais comum, sempre registrado, é o de uma pessoa sorridente com os braços pra cima. Uma tensão que eleva o corpo e a faz quase levitar. Um empulso para o vôo. Como se quisesse tocar o céu e deixar de sentir o seu peso contrastando com o chão. Ficar até o limite, até o necessário pro momento. Pensar além dos problemas atuais. Refletir sobre tudo o que se tem à disposição. Em algum lugar está a chave de acesso para a próxima fase.
Apenas…
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A vida de qualquer pessoa, em profundidade, é uma série de desconfortos que a colocam em movimento, temperados por outros viscerais e prazeirosos momentos de gozo. De morte. Quando você apenas flui, sem barreiras.
Independente de qual fatia compartilhamos sempre registramos todas, algumas ficam mais latentes, como um cisco nos olhos (algo que você viu, mas não gostou) ou um chocolate infinito derretendo na boca (um novo amor). Outras são esquecidas de tão marcantes, pra que você não entre em um estado de dormência que silencie os seus desejos. Mesmo esquecidas, essas experiências gravadas à laser produzem sintomas que interferem nas suas atitudes conscientes e guiam as direções percorridas como próteses, ou cabrestos.
Quando elevamos os braços transmitimos ao corpo que fomos abençoados naquele momento. Dizemos à todos os músculos que eles foram vitoriosos até aquele instante. Que os problemas que se apresentaram naquele intervalo de tempo são difíceis e aparentemente intransponíveis, mas só um novo dia trará novas respostas. Tudo tem o seu tempo e naquele momento aquele organismo ainda é vitorioso.
Foram dias levantando os braços no elevador ou fechado em algum banheiro. Foram momentos de alívio. De inspiração. Uma meditação fast food.
Ser meu próprio chefe colocou em conflito a opinião que eu tinha como um bom funcionário com a imagem que eu tinha do que é ser um bom patrão.
Um respeitável chefe é aquele que fala o necessário, seja para intreter ou para orientar. Seja de sua vida pessoal ou não. É delicado compartilhar problemas que não são obrigações do seu funcionário. A luva de pelica ou de boxe são opções dependendo de cada perfil. Você não pode ser um funcionário perfeito e um marido (ou pai) ausente. Uma hora você terá que escolher entre o funcionário perfeito ou aquele amor. É melhor ser imperfeito, como qualquer ser humano, nos dois casos.
Por conta desses conflitos e uma crescente irritação pela falta de dinheiro, ou retorno de curto prazo, pois a geladeira não pode ficar vazia, entrei em um movimento que me colocou em situações limites, onde eu poderia ser facilmente classificado como imprudente e irresponsável. Tive que dizer mais "não" do que "sim". Sustentar um objetivo. Dormir, mesmo com uma bigorna na cabeça. Fazer reuniões, mesmo com a pia cheia de louça pra lavar (mostrando "in loco", como um "strategic approach").
Quando eu levanto os meus braços eu agradeço por estar vivo. Por respirar. Por ter energia para seguir meu caminho. Entrecruzando com outras almas que trocam experiências como formigas se reconhecem em uma trilha.
Eu vou fingir que eu sou até eu me tornar.
Se eu sei fingir, é por que de alguma forma e em alguma dimensão, eu sou.
Eu digo que posso não ser ainda aquele ser ideal, mas estou no caminho.
O meu caminho.
O caminho dos braços pra cima.
Das axilas.
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Ménage à troi, svp, ou pvf.
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