31.10.13

Arteiro e/ou vagabundo

Passei um bom tempo dedicado à pratica de um exercício que classificam como arte. Deixar que imagens venham ao mundo através das ferramentas que você tem à disposição naquele momento. Sozinho ou com mãos colaborativas.

Não sei se é só de hoje o apego de algumas pessoas à técnica utilizada. Uma peça bonita, ou feia, não é a preocupação imediata do médium, ou artista. Você pode criar sobrenomes e apelidos para as personas que se manifestam através do seu canal, mas a origem, de fato, será você, que canaliza e transmite a informação.

Cresci em uma cultura miscigenada com acesso á uma grandiosa variedade de informações sobre o que foi medido e o que só é perceptível. A cultura religiosa do brasileiro dá na cara de qualquer igreja gospel ou protestante americana. O domínio de técnicas extremamente eficientes, ancestrais e, ainda, não mensuráveis, é gigantesco, pois atravessa todas as camadas sociais de nós, chicanos.

Seja como cristão ou, vamos dizer, pagão.

Algumas experiências transcendem à lógica e simplesmente são. Epifânias que explicam em síntese uma série de eventos que podem ser compartilhados. Fé, ou crença, em um propósito descoberto. Seja no céu, no nosso lar, no inconsciente ou no éter.

O caminho percorrido em sua vida é um desenho. Traduzimos a nossa essência em cada posição geográfica que fazemos check-ins. Um olho bem treinado treina com maestria. Uma mensagem sólida é escrita com ferramentas apropriadas.

Um camaleão ou uma mariposa combinarão com seu meio ambiente. Outras formas de vida que contrastam com o seu habitat são menos discretas, mas necessárias para o próprio equilíbrio. O artista cria uma couraça que responde aos seus momentos, às suas experiências, e não pode ser manipulado, é influenciável.

Criação dirigida é propaganda, não estamos falando disso.

Cada nova conexão é um novo traço, uma nova cor, uma tonalidade desconhecida. Hue/Saturation. A resposta traduzida em peças, ou obras, vêm na sequência, como uma impressora que, espera-se, seja fiel à imagem ideal.

Uma vez me disseram que essa também é uma característica dos xamas. Desde então eu não consigo mais distinguir arte de xamanismo. Nem toda imagem é agradável, bem como alguns sonhos são pesadelos. Parir um feto que não corresponde aos nossos ideais faz parte de qualquer experiência de gestão. As vezes gostam, as vezes não. As vezes eu gosto, as vezes não. Se publico, é por que acredito que deve ser dito.

Entenda quem quiser, ou conseguir.

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