18.2.09

Em fases de transição, onde abandonamos uma zona de conforto conhecida para migrar para um território novo, é natural surgirem perguntas para avaliar a utilidade de certos hábitos.

De tempos em tempos assumimos certos papéis perante nosso grupo social, que podem ou não corresponder aquilo que somos naquele momento. Como tudo é cíclico, intercalamos ao longo da vida fases distintas e antagônicas, partindo de extremos opostos, respeitando o processo natural de evolução.

As vezes é necessário se contradizer para sobreviver, ou tornar-se temporariamente invisível, dando espaço para outros usufruírem da ilusão de superioridade de suas conquistas. Nessas épocas é importante observar o mundo, a natureza das pessoas, suas reações e ambições. Como se iludem, como se boicotam, como e quando se tornam agressivas.

Como qualquer leonino, gosto mesmo quando chega a hora de ficar em evidencia. Já aprendi que não é saudável permanecer tanto tempo no palco. Corre-se sempre o risco de saturar seus espectadores com questões particulares e egocêntricas. Nessas épocas de exposição da figura, precisa ter muito cuidado para não se apaixonar pela própria imagem, ou supervalorizar as características mais admiráveis, se tornando uma caricatura daquilo que acreditamos que os outros valorizem.

O ego sempre prepara armadilhas para nos cegar em ambos os casos. Quando não entendemos nem aceitamos esse processo cíclico natural, podemos nos deparar com aquele medo inevitável de perda. Queremos sempre repetir formulas de sucesso, mas é impossível continuar atuando da mesma forma pois as pessoas a nossa volta também mudam.

O momento agora traz o confronto entre aquilo que planejo e aquilo que os outros se acostumaram a ver em mim. Definitivamente não consigo mais continuar focando energia para entreter e inspirar terceiros. Continuo, dentro do possível, jogando sementes sobre coisas que considero importante. Se por um lado eu tenho reduzido meu magnetismo como entretenimento, ganho importância quando se trata de questões mais profundas. Prefiro, agora, ser procurando para dar apoio, do que somente para decidir qual vai ser a próxima balada.

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