4.10.06

não é nenhuma novidade o eterno movimento que deforma e molda gradativamente aquilo que denominamos identidade.

antes de qualquer exercício de desapego a bens materiais, procuro não oferecer nenhum tipo de resistência aos ferimentos, que um dia após o outro, são causados na couraça que protege essa essência tão cheia de pavor de que tudo dê errado.

os referenciais, assim como as expectativas, mudam, e com ela, pessoas deixam de nos parecer importantes.

os que pararam no tempo e insistem em acreditar que a natureza essencial de cada um é imutável ficam pra trás, estagnados, infelizes, nostálgicos e chorosos.

e longe de mim também. bem longe. rindo sempre das mesmas piadas e sempre se queixando daqueles mesmos problemas. dor de cabeça e preguiça.

não existe um adeus. só a imagem dos seus rostos sendo coberta pela neblina densa que meses em seqüência podem trazer. risadas sendo ecoadas em um recinto cada vez mais distante.

Eu me afasto usando os pés que não são meus. Chorando lagrimas que vertem de seus olhos. Maldizendo e invejando algo que já estou conseguindo.

Sentindo uma mágoa que flui do peito que choraminga o corpo caído do ser sem memória, que muda de identidade conforme o meio que o sufoca.

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