13.9.14

Double rainbow

Em 2014 dois incidentes inflamaram discussões por serem prematuramente tratados como casos de homofobia. O primeiro, para quem já esqueceu, foi aqui em São Paulo, o laudo final mostrou que o garoto cometeu suicídio. O segundo, mais recente, tem indícios de crime passional, pois o assassino confesso declarou que desentendeu-se com a vítima após uma relação sexual.

Os dois casos me chocaram, em principio, mas assim como no primeiro, sinto um desconforto enorme em notar que alguns lideres LGBTTTI (detesto essa sigla) apontaram o dedo com violência para um inimigo que, ao menos nessas histórias, não foi o culpado. Nos dois casos o oponente não estava do lado de fora. Nos dois casos houve uma comoção grande e pouco foi dito após a conclusão dos inquéritos.

O meio gay está longe de ser uniforme e unido como qualquer outro grupo que sofra com estigma social. A própria sigla que representa o movimento mostra o quanto ele é heterogêneo, quando na verdade, nos padrões “heteronormativos”, somos todos farinha do mesmo saco. 

E sabe de uma coisa? Acho que somos mesmo!

Não sou menos gay que uma travesti ou um transexual. Não me sinto representado nessa sigla medonha. Cada vez mais tenho preguiça de levantar uma bandeira colorida quando percebo que no próprio meio existe um preconceito social muito forte. 

Se você não sofreu ainda esse tipo de preconceito, asseguro que ele incomoda tanto quanto os demais. Deixa cicatrizes profundas, marcas invisíveis, constrangimentos que o tempo custa a apagar. Dói do mesmo jeito.

Não acho que exista espaço para dignidade enquanto você se vitimiza. O papel de vítima pode ser bem mais confortável aliás, pois você se restringe à defesa, enquanto não cria oportunidades para aprimorar outras características do grupo. A vítima geralmente transfere para o seu oponente todos os aspectos que não quer enxergar em si própria. Quisera eu que isso não fosse novidade para ninguém.

Ando bem cansado de bichas que ficam apegadas a essa luta contra algozes que, talvez, não são mais tão poderosos assim. Definitivamente, essas lideranças não me representam somente por carregarem as cores do arco-íris. A propósito, se tem um nicho que precisa com urgência de um toque de sofisticação é esse. Menos glitter, mais bom gosto e bom senso. 

O mundo precisa de menos pessoas nos extremos. PFVR!

Independente do seu gênero, religião ou orientação sexual, quando mais radical o seu discurso, mais violência isso gera.

Que o futuro traga mais pessoas dispostas a dialogar, ouvir, e não a falar mais alto. Indivíduos que reverberem menos os ataques dos pastores/opositores e invistam mais em práticas que ressaltem os aspectos positivos desse nicho, pois talento e criatividade são abundantes nesse grupo. Isso sim impõe respeito.

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