18.1.11

É noite de sexta feira e o som da cidade já é suficiente pra fazer compania.
O silencio é pré requisito pro aprendizado. Escutar o som e registra-lo, traduzir em palavras sentimentos e conflitos. Não há como fazê-lo na multidão. Se a mente não esta sóbria, os delírios se confundem com a essência.

Se não sou a luz pro meu próprio caminho posso me perder em estradas que não são minhas.

Novos atores entram em cena. Antigas figuras reaparecem. Maiores, cobrando experiência passadas mal digeridas. Já não sou mais o mesmo, foram várias temporadas, muitas histórias paralelas, habilidades aprimoradas e desejos inéditos.

Distribuo convites para a gira que inicio e recebo tímidas e poucas afirmativas. São preciosas aquelas que aceitam. Fazemos no conjunto algo sólido que penetra no imaginário coletivo. Criamos a nossa linguagem. Além dos instintos primitivos, só essa habilidade nos distingue dos demais animais.

Os preconceitos querem entrar em cena. Os mestres virtuais compartilham suas descobertas. Por hora registro e edito as frases que reverberam e encontram semelhanças com meu programa mental. Quando entendo meus comportamentos aprendo algo sobre o mundo. Esse grande e misterioso plano sublunar.

As palavras ditas ontem são repetidas por quem ouviu. No momento oportuno lembro através das bocas amigas aquilo que foi verbalizado no passado. Se era verdade ontem, pode ser ainda hoje. Agora. Sempre, quando cada delírio for revivido.

Luto pra enxergar além do imediato. Corro pra acompanhar as constantes e inevitáveis mudanças. Administro a falta com o falo imaginário que escolhi pra esse momento. Não sabemos quanto tempo ainda temos. É essa a angustia que impulsiona o desejo dos registros. Inúmeros e embaralhados rabiscos. Definitivamente, não serei eu a melhor pessoa pra ler nas entrelinhas dos meus próprios parágrafos. Deixo com os principais convivas as chaves pro jogo em andamento. O simbólico que pode curar o real com o inverossímil.

Além da mascara da auto-suficiência se esconde a ilusão do organismo separado e isolado do todo. A solidão absoluta só te visita quando você esquece que terá sempre a companhia do mundo inteiro. Conscientemente ou não, se há vida há esperança. Com presença atingimos nosso potencial. Nada fácil e cada vez mais doloroso, como qualquer jornada para escalar uma montanha íngreme e cheia de armadilhas.

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