2.2.09

Venho pensando muito na necessidade de evitar conflito em determinados momentos da vida.

Afetos e desafetos a parte, nos é ensinado que precisamos aprender a conviver com as diferentes verdades que guiam a vida de cada um. As ações individuais sempre devem ser respeitadas, mas até que ponto temos que ser impassíveis com atitudes que influenciam a nossa vida?

Discordo de qualquer afirmativa pseudo-individualista que descarta facilmente os laços de afeto e amizade, tão preciosos, que conquistamos ao longo de nossa vida. Ninguém sobrevive muito tempo sozinho.

Ser feliz é uma opção para as pessoas que vivem em grupo. Nenhum animal, planta, carro importado ou contato profissional supre a carência de afetividade inerente a nossa espécie. Quem se isola fica condenado a inércia do esquecimento.

Ok, eu até posso entender que algumas pessoas mudam e não querem mais compartilhar determinados assuntos com o resto do mundo. Até posso respeitar épocas conturbadas onde um amigo decide passar um tempo fechado para balanço. Mas não consigo aceitar pessoas que simplesmente esquecem, somem ou mudam de comportamento, sem registrar o real motivo de suas decisões.

Temos hoje em dia um cuidado muito grande com procedimentos e deveres jurídicos e profissionais. Por incrível que pareça, temos plena ciência da importância do comprometimento com tais obrigações. Por outro lado é cada vez mais comum aceitamos negligências nas condutas com pessoas que compartilhamos intimidade.

Já sofri calado acreditando que seria melhor deixar a pessoa seguir outro caminho sem importuna-la com minhas mágoas de cabocla. Ressentimentos não são bem vindos em nenhum organismo, então prefiro ficar nervoso quando percebo algum descuido com essa frágil conexão que, sem querer, construímos com pessoas que amamos.

Nada dura para sempre, então relações frívolas devem se encerrar de forma frívola, assim como as mais intensas de forma mais intensa, e as mais maduras de forma mais madura. Quando você percebe que alguém que você já compartilhou coisas muito preciosas esta agindo como um desconhecido, é hora de ligar a sirene e ensaiar o discurso para desvendar o que se passa por trás daquela mudança.

Depois do bate boca, olho no olho ou discussão semiótica certamente se acertam as diferenças. Se é para cortar vínculo, que seja feito. Se é pra continuar a história, que seja comemorada a nova fase da relação. O amadurecimento de certos laços só são viabilizados depois de lágrimas, gritos e tapas na cara.

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