4.11.07

Estar abaixo de um teto que te protege tem um preço, pago sem choramingar durante os dias úteis que se passaram. Estar nesse espaço bem acompanhado, com o que chamavam antigamente de família, também tem seu contraponto, que se traduz em escolhas e desejos reprimidos por um seguir uma história virtuosa.

A chuva que cai lá fora é grossa, abundante, atrevida. Se já não existia nenhuma vontade de por o pé na calçada nesse feriado quente, fico aqui com a caneca cheia de chá verde, oferecida pela linda joaninha que enfeita e pontua a liberdade que a vida de gladiador permite.

Relampeja a cada minuto, a internet não funciona, e eu tenho vontade de selecionar fotos digitais que merecem ser impressas. Tarefa offline, mas não analógica.

Li no blog de um certo conviva a necessidade cada vez maior de realizar tarefas no mundo não binário. Num dia de chuva, olhar pro passado e permitir que lembranças se tornem matéria traz tranqüilidade e espanta a amargura que só a ilusão de completude pode trazer. Saber valorizar o que se tem é tão importante quanto não se conformar e buscar sempre mais. A luva de box me mostra que é preciso brigar diariamente pra defender o que se conquistou, sem deixar a inércia comandar os próximos passos, pois o caminho que desejo ainda vai muito longe.

Ultimamente não tenho tido tantos motivos pra usar esse espaço pra dizer algo que não consigo pronunciar. Ou pra mandar torpedos que podem ou não atingir seus alvos imaginários. Por maior que seja o ódio que sinto por algumas situações arquitetadas, tenho compreendido que eu só me mexo por desconforto ou por orgulho ferido. O ponto mais fraco sempre alimenta a maior virtude. E que saibam olhar além das pingas que tomo e prestem atenção também nos enormes tombos que levo.

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