24.7.12

Se você fosse sincera, Aurora.

Você diria que anda preocupada com a proliferação de discursos pré-fabricados.
Assistindo jovens que pareciam esclarecidos replicando comportamentos segregativos.
A certeza absoluta de apenas um fim de semana.
A falta de um pai que escute o seu ponto de vista.

Estruturas são repetidas apesar dos novos elementos.
A intenção que julga ser somente boa mostra-se mais tarde ingênua.
Atitudes corrosivas em apontar somente suas faltas.
Ou vender excessivamente os seus falos imaginários.

Tarefa árdua é cair no seu próprio abismo.
Aceitar o vazio que nunca será preenchido.
Gozar da falsa sensação de completude.
Sem apegar ao que se foi.
Curioso sempre para o ser que está por vir.

O seu corpo amanhã.
É uma projeção individual e coletiva.
Aquilo que precisa ser dito para o grupo.
Orgulho ou vergonha.
Milagre ou desgraça.

Sonhos só não são perecíveis quando são contagiosos.
Quando inspiram ao impossível.
Quando são viscerais.

Enquanto você repete frases de efeito.
E tenta em vão me convencer do seu caro elixir.
Invisto em ações que valorizam com o tempo.

Recombinando elementos.
Procurando outra estrutura.

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