26.7.07

Quem me conhece bem sabe que tenho uma forte tendência a fazer leituras místicas sobre momentos e pessoas, muito antes de tentar fazer o instintivo enquadramento entre bem e mal, gosto ou não gosto.

Talvez seja essa uma herança daquelas reuniões patrocinadas pela rádio Nova Era, onde várias amigas solteironas da minha mãe engordavam algumas gramas enquanto discutiam e trocavam experiências com o mundo invisível.

Lembro dos pêndulos, das viagens astrais, do cheiro de incenso, dos mantras incompreendidos, do barulho dos sinos e dos testemunhos sobre mensagens trazidas por seres de luz encarnados ou não.

Os rituais e as sensações do momento eram bastante agradáveis, se comparadas as outras opções da época, que se restringia ao futebol com a ala masculina da família. Mas nunca compartilhei de nenhuma chamada com o disk além. Enquanto elas disputavam o tamanho de suas próprias kundalinis, eu ficava me perguntando o por que de eu não sentir nenhuma cosquinha das massas de ectoplasma.

So depois de bem mais velho (e de muita chuva nas costas, e de negar com a certeza da maria - minha vizinha - qualquer dimensão não assistida pelos olhos, e de muitas dozes de substancias proibidas, e de muitas aulas de yoga, e de incluir no meu repertório Capra e Campbell) comecei a entender, de uma forma bem particular, as verdades, mentiras, alucinações e constatações daquelas antigos encontros sonorizados pelos acordes e vocais transcendentais de Enya.

Como esse tipo de assunto não é ensinado, e sim vivido, tento não perder mais meu tempo criando mapas pra se chegar nesse tipo de percepção. É bem mais agradável conversar nessa língua com cabeças que sofrem do mesmo tipo de loucura, e acreditam que conseguem se enxergar em factrais, ou ler aura das pessoas ao redor, ou brincar de massinha pra agradar os olhos de quem a gente ama.

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